sábado, 11 de julho de 2009

A nuvem em forma de coração

- Corre aqui! - Ela me disse.
Lucinda estava maravilhada, eu só não entendia o por que.
- Você está vendo, está vendo?
Eu olhava pro céu sem entender nada, nada mesmo. Aquilo pra mim eram nuvens e azul. Branco também, claro. Ela estava me deixando louca.
- O que você vê?! - Eu perguntei - Não vejo nada ali, só o céu, e o que tem demais, nunca viu o céu não sua maluca?
- É liiiiiiiiindo!
Ela fechou os olhos e respirou fundo, ainda maravilhada. Eu não compreeendia, só a fitava com um ponto de interrogação enorme me fazendo companhia.
Eu sentei na grama, cansada de tentar entender e de olhar a maluca da minha prima olhando pro céu, respirando tão fundo como se quisesse todo o ar para ela. Emburrei.
- Que foi? - Ela me olhou, acho que haviam se passado horas, ao menos parecia. Estava entrando em estado de tédio absoluto.
- Nada!
- Me fale. - Ela sentou ao meu lado. Sorrindo.
- Primeiro você fica olhando pro céu, maravilhada com nada. Segundo, fecha os olhos sem me responder nenhuma pergunta. Terceiro, você está me fazendo achar que a maluca da história sou eu.
Ela gargalhou, nem ficou brava nem nada, meu irmão teria me dado um chute na canela pela última frase, ele entenderia a irônia.
- Ah para com isso, eu só estou feliz. Sabe, eu podia estar fazendo qualquer outra coisa, podia estar acontecendo algo de errado, ou algo explêndido, mas eu escolhi estar aqui, tomei essa decisão, escolhi ser assim, preferir o simples ao extraordinário. Não que isso não seja extrordinário. Olha! Aquela nuvem, faz o formato de um coração, está vendo?
Eu dei risada com ela.
- Sim Lucinda, eu vi!
- Está vendo, não é liiiiiiindo? Fabuloso? Extraordinário?
- Ok, eu já entendi que você gosta de nuvens em forma de coração.
- Rá rá. Sua boba. Não é isso. O simples é tão perfeito, e a gente procura a perfeição aonde não conseguimos achar. É isso que acaba com a gente. É isso que destrói nossos sonhos. Nossos planos. Enxergamos as coisas já pensando que é impossível. Não vemos que depende de uma vontade nossa decidir, só nossa. Seguir nossos caminhos e sonhos. É algo que só a gente pode mover. A nuvem está lá, ninguém pode tocar nela e fazer ela se mover, ela se move por vontade própria. Ninguém vai te fazer viver se você não quiser viver! - Ela me abraçou. - Sente o cheiro? Vida minha amiga, vida! Sorria! Dúvido você me pegar!
Ela se levantou e saiu correndo, eu assimilei as palavras dela em dois segundos, ela estava certa. E o que eu estava esperando?
- AHHHHHHHH, quer apostar quanto que eu te alcanço?! - Eu gritei.
- Milhares de sorrisos seus. E cansaço. Rá rá rá rá...
E então eu levantei, e fui átras dela, esquecendo tudo que eu havia pensado até agora. Deixando o vento tocar meu rosto e jogar meus cabelos para trás, levando com ele tudo o que eu não queria mais comigo. Deixa pra lá, nada que passou me importava mais. Eu estava vivendo!

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